07/11/2021
Porque a dieta pode ser fator de risco para alguns indivíduos?
Nutrição inteligente
Artigo extraído da revista “Super Saudável”, pg. 18 a 20 – Abril a Junho/2010 - Dr. Lúcia Regina Ribeira
As pesquisas em Nutrigenômica apoiam o conceito de que os nossos genes, por si só, nem sempre dão origem o doenças, mas o estilo de vida e a dieta, que atuam sobre esses genes, é que determinam se o fenótipo, a expressão gênica, será revelado como saúde ou doença.
Essas investigações se caracterizam por mudanças na expressão gênica e/ou alterações epigenéticas na metilação do DNA e acetilação das proteínas histonas, após a ingestão de alimentos.
A nutrigenômica possui ferramentas para identificar indivíduos ‘pré-sintomáticos’ ao risco de doenças específicas, o que poderá permitir intervenções preventivas ou terapêuticas.
Que tipo de doenças pode ser prevenida com o uso da Nutrigenômica?
Sabemos que algumas doenças são causadas apenas por mutação gênica e outras somente pelo resultado da exposição a certos ambientes. No entanto, muitas doenças crônicas, como obesidade, doenças coronarianas, câncer, diabetes tipo 2, artrite reumatoide, osteoporose e inflamação crônica, são causadas pela combinação da ação de genes e de ambientes.
O risco pode ser controlado por modificação da dieta, uso de nutracêuticose específicos, aumento da atividade física, não exposição ao fumo e ao álcool e decréscimo da toxicidade ambiental. Os genes não podem ser alterado, mas o ambiente pode.
Como os genes estariam envolvidos no desenvolvimento de doenças?
O genoma humano consiste de cerca de 25 mil genes, incluindo 3,3 bilhões de nucleotídeos ou bases do DNA, distribuídos ao longo de 46 cromossomos. Esses genes codificam proteínas, como receptores, enzimas e transportadores que são envolvidos em muitos processos celulares. O sequenciamento do genoma humano, em 2003, abriu campo para estudo em Nutrigenômica e poliformismo de base única, chamado de Single Nucleotide Polymorphism ou SNP. Atualmente sabe-se que os indivíduos são iguais em 99% do seu DNA, mas apresentam diferenças em 0,1% que podem explicar porque alguns são mais susceptíveis a doenças que outros. Um SNP se constitui de um erro em uma base de DNA, sendo que mais de 50% da população pode ter um poliformismo específico. No entanto nem todos os poliformismos são ruins. Alguns tornam as pessoas mais resistentes a doenças, enquanto outros ajudam a identificar aquelas pessoas mais prováveis para desenvolver doenças crônicas como obesidade, doenças coronarianas, câncer, diabetes tipo 2, artrite reumatoide, osteoporose e inflamações crônicas. Os pesquisadores desta área, de todo o mundo, estão concentrados em estudar as consequências funcionais dos SNPs e sua associação com doenças. Conhecendo-se as consequências funcionais de certos SNPSs, os estudiosos podem avaliar os fatores de riscos envolvidos no desenvolvimento de determinada doença crônica.
Porque a dieta pode ser fator de risco para alguns indivíduos?
De acordo com o processo convencional do conhecimento, certos alimentos “ruins” levam ao desenvolvimento de diabetes, câncer ou doença do coração, a menos que genes protetores neutralizem seus efeitos. Por exemplo, a carne em níveis muito altos proteínas em excesso pode se transformar em fonte de risco, particularmente pela alteração do metabolismo em uma direção completamente destrutiva.